Como acompanhar o efeito dos juros futuros nos investimentos?

25/07/2024 16:41:16

3 min e 9 segundos

Sem dúvida, acompanhar as taxas de juro futuras é essencial para entender para onde o mercado financeiro está indo e refletir sobre como as notícias impactam o mercado.

Há vários motivos para isso: entender efeito da marcação a mercado nos fundos renda fixa, captar a leitura do mercado sobre para o rumo da Selic no curto e médio prazo, identificar as áreas de stress causadas pelo cenário fiscal, entre outros. Uma forma simples de ver isso é através do mapa de calor do contrato de juro futuro da Bolsa, o DI1. 

O contrato de juro futuro na Bolsa (DI1)

  • Os juros futuros (DI Futuro) são contratos negociados na Bolsa cujo objeto é a expectativa da taxa de juros entre o dia da negociação e uma data futura, 1 mês, 1 ano, 5 anos. Esse acordo então representa a estimativa do mercado para a taxa de juros para algum momento no futuro.
  • Para exemplificar, vamos pegar o futuro de DI com vencimento em Jan/25 (DI1F25). A cotação de fechamento foi de 10,65% aa em 18/07/24, podemos dizer que, segundo as expectativas do mercado, essa será a taxa de juros paga/recebida por quem aplicar no CDI até o dia 02/01/2025. Outra maneira de ver: segundo o mercado, essa deverá ser a taxa Selic no início de janeiro.
  • Por conta da alta liquidez/volume negociado diariamente, o futuro de DI é um bom preditor e representa de maneira confiável as expectativas do mercado.

Leitura do Heat Map do Futuro de DI para diversos prazos

Por exemplo, as taxas do Futuro de DI que vence em Ago/24 variam pouco, entre 10,42% e 10,4%, por quê? Elas espelham a Selic efetiva atual (10,4%), já que, é o contrato de mais curto prazo negociado e o mercado não espera que o Banco Central mude a Selic até o inicio de agosto.

Analisando os movimentos nos juros futuros de curto prazo,

No período analisado tivemos uma série de fatos econômicos e políticos que impactaram as expectativas do mercado. Contudo, percebemos que as taxas de juro futuras pouco se mexeram. Isso aconteceu porque o mercado entendeu, durante o período, que não deve haver mudanças significativas na Selic até o final do ano e que as variáveis como câmbio, cenário fiscal, inflação, juro americano pouco impactariam os juros (pagos/recebidos) de curtíssimo prazo.

Analisando os movimentos nos juros futuros de médio prazo

Diferente das expectativas para o curto prazo, os vencimentos que vão de Jan/26 até Jan/32, o chamado “miolo” da curva de juros futura sofreu o impacto dos fatos e leituras que o mercado fez a respeito do câmbio, juros americanos, inflação e cenário fiscal. 

  • 18 até 20 (Alta): receio que a decisão do COPOM (manteve a taxa em 10,5% por unanimidade) fosse dividida elevou os juros
  • 26 a 03 (Alta): aumento da percepção negativa com o cenário fiscal, aumento do tom de confronto entre Governo federal e Banco Central, forte desvalorização do real e aumento da cautela com os juros americanos.
  • 05 a 18 (Baixa): aumento da confiança do mercado quanto ao corte dos juros nos EUA em setembro, redução dos ruídos entre Governo e Banco Central, redução da pressão no câmbio e ação efetiva do Governo para cortes de gastos.


Por Leandro Strasser / Gerente da R3 Educação (CGA, CFP, CAIA L1)

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