Impacto da Renda Variável no Regime Próprio

06/09/2024 08:19:34

3 min e 12 segundos

O adjetivo “variável”, que coloca sobre alguma palavra o significado de instabilidade, disperso, incerto, inconstante, traz receio ao investidor que almeja obter ganhos mais expressivos do que o ordinariamente obtido na renda fixa.

Os investidores brasileiros possuem, culturalmente, baixíssima adesão para alocação de recursos para a bolsa de valores, e isso ocorre por diversos motivos. Entre os principais, pelo país possuir juros historicamente elevados, apresentando, portanto, um prêmio atrativo para ativos de renda fixa, pelo país contar com ciclicidades econômicas mais curtas e, portanto, as empresas enfrentarem dificuldade de se consolidarem por períodos mais longos, entre outros motivos.

Todavia, enquanto os ganhos da renda fixa possuem um limite natural, os ganhos em renda variável não possuem teto, e volta e meia, passado determinadas fases de ciclos econômicos, condições para crescimentos econômicos mais sólidos em alguns segmentos empresariais são adquiridos.

E nessa frente que a gestão ativa e posicionamento de mercado se mostra extremamente vantajoso na alocação de ativos do portfólio.

É sabido pela maior parte dos investidores que diversos analistas apontam que a bolsa de valores brasileira se encontra barata frente ao valuation e aos múltiplos que essas empresas são negociadas, mesmo com o patamar já alcançado.

Ainda assim, com o patamar recente de juros elevados no Brasil e no exterior e com o excesso de ruído político, os grandes investidores saíram massivamente do país na primeira metade de 2024, gerando ainda mais desconto sobre o principal índice acionário brasileiro, o Ibovespa.

No segundo semestre, com a volta de fluxo estrangeiro para a bolsa brasileira, com perspectivas de corte de juros ainda no terceiro trimestre de 2024, com a performance positiva das empresas trazido nos reportes financeiros, o Ibov bateu máxima histórica, e com perspectivas de mais ganhos ao longo do ano.

Ainda que a expectativas de juros elevados no Brasil se mantenha ao longo do ano por conta da desancoragem de expectativas de inflação no horizonte relevante do Banco Central, e essa variável econômica continue a viabilizar a macroalocação em renda fixa, a diversificação em renda variável não deve ser descartada. A capacidade que as empresas brasileiras possuem de se manterem resilientes frente a diversos ambientes de conjuntura econômica embasa uma estratégia de alocação firme e decidida no mercado de ações.

Até o momento, no segundo semestre, o Ibovespa subiu quase 10% e com perspectivas altistas por conta principalmente da atividade econômica que segue aquecida principalmente no consumo e no varejo.

Reconhecemos que a macroalocação em renda fixa permanece vantajosa frente aos juros de curto prazo que permanecem elevados, porém dado que a curva de juros a médio e longo prazo encontra-se em movimento de fechamento, as companhias que compõem o Ibovespa tendem a se beneficiar dado que esses juros de médio e longo prazo é o mais utilizado para precificação das empresas. Portanto, ainda que o Ibov tenha recentemente ultrapassado os 130 mil pontos, a estratégia de aportes gradativos para fins de construção de preço médio segue como a melhor alternativa para os investidores institucionais, em especial, os RPPS que são macro alocadores de longo prazo.

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Por Henrique Cordeiro / Economista na Crédito e Mercado Consultoria

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